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Habitar Lugares Imaginados

 
 
 
 

[ES]

Un recuerdo es un relámpago. Un destello de alta intensidad que nos paraliza un brevísimo periodo de tiempo debido a una gran fuerza de empuje: la memoria.

Al recordar, somos una presencia vicaria y nostálgica de nosotros mismos. Reconstruimos en nuestra mente, pedazo a pedazo, los lugares que solíamos habitar y como nuestra memoria es emocional, moldea a su antojo los espacios que dejamos atrás. Aquella parte nuestra que tiene la cara vuelta hacia el ayer toma poder del ahora y hace que vivamos, queriéndolo o no, en lugares imaginados. ¿Pero qué implica, como Jano, el ser mitológico griego que tiene una cabeza en la nuca, que una parte de nosotros mire decididamente hacia atrás? ¿Cómo asumimos la simultánea sensación de extrañeza y familiaridad que se experimenta cuando el relámpago de la memoria nos alcanza?

Los escenarios de estas fotografías comienzan a desdibujarse por el acto imaginativo que implica recordar, mientras que el destello de luz sobre los personajes es el repentino flashback que los lleva a lugares del pasado que imponen la angustiosa tarea de enfrentarlos o atarse indefinidamente a ellos. La luz entonces, resalta la presencia siempre nostálgica y extraña de estos personajes que así como yo, están perdidos en sus añoranzas. 

[PT]

Uma recordação é um relâmpago. Um clarão de alta densidade que paralisa-nos um brevíssimo período de tempo graças a uma grande força: a memória.

Ao recordar, somos uma presença vicária e nostálgica de nós próprios. Reconstruímos em nossa mente, pedaço a pedaço, os locais que habitávamos, e como a nossa memória é emocional, molda caprichosamente os espaços que deixamos atrás. Aquela parte de nós que tem a cara voltada para outrora toma poder do agora e faz com que vivamos, querendo ou não em lugares imaginados. Mas, o que implica que, como Jano, o ser mitológico grego que tem outra cabeça na nuca, que uma parte de nós olhe decididamente para trás? Como assumimos a sensação simultânea de estranheza e familiaridade que experimenta-se quando o relâmpago da memória nos atinge?

Os cenários destas fotografias estão confusos porque recordar implica um ato imaginativo pouco nítido, enquanto o clarão de luz sobre as personagens é o súbito flashback que as leva a lugares do passado que impõem a angustiosa tarefa de enfrenta-los ou ligar-se indefinidamente a eles. A luz, então, ressalta a presença sempre nostálgica e estranha destas personagens que assim quanto eu, estão perdidos nas suas saudades.

[EN]

A memory is a lightning bolt. A flash of high intensity that paralyses us a very short period of time due to a great pushing force: memory.

By remembering, we are a vicarious and nostalgic presence of ourselves. We reconstruct in our mind the places we used to inhabit and because our memory is emotional, it shapes with imaginative gestures the spaces we left behind. That part of us that has its face turned towards yesterday takes power from the now and makes us live, whether we want it or not, in imagined places. But what does it mean, like Culśanś, the Etruscan deity who has a head on the back of his neck, that a part of us looks decidedly backwards? How do we assume the simultaneous sensation of strangeness and familiarity that is experienced when the lightning of memory reaches us?

The scenarios of these photographs begin to blur due the instability of being in any other there and then that not the present. While the beam of light on the characters is the sudden fashback that takes them to the past and impose agonising task of confronting them or being tied indefinitely to them. The light then highlights the always nostalgic and strange presence of these characters who, like me, are lost in their longings. 

 
 

Leopoldo Rother Museum, Bogotá, Colombia 2018

 
 

Centro Colombo Americano, Bogotá, Colombia 2018

 

Centro Colombo Americano, Bogotá, Colombia 2018

 

59 Rivoli, Paris, France. 2022

 

59 Rivoli, Paris, France. 2022

 

Leopoldo Rother Museum. Bogotá, Colombia 2018